AYRTON SENNA DA SILVA
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Super Speedway - Tributo II
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Ayrton SENNA da Silva (Brasil)
Nascido no dia 21 de
março de 1960.
Morto, tragicamente, no dia 1º de maio de 1994, durante o GP de San Marino, em Ímola.
A maioria dos pilotos que participaram do GP de San Marino, em Ímola, no domingo
25 de abril de 2004, não conheceu Ayrton Senna pessoalmente. Quando o brasileiro
morreu nesse mesmo circuito, há uma década, o britânico Jenson Button tinha 14
anos de idade e apenas dava suas primeiras voltas no kart. Juan Pablo Montoya,
de 29, contentava-se em acompanhar os GPs pela televisão colombiana. Mesmo sem
ter estado cara a cara com Senna ou convivido com ele, Montoya, Button e todos
os seus colegas de grid no domingo se emocionaram quando, minutos antes da
largada, o veterano corredor austríaco Gerard Berger entrou na pista de Ímola
com o carro que deu a Senna sua primeira vitória na F-1, em abril de 1985, em
Portugal. A Lotus número 12, avaliada em US$ 1 milhão, foi doada ao Instituto
Ayrton Senna por um colecionador italiano. Apenas mais uma das homenagens
prestadas ao ídolo morto em 1º de maio de 1994, ao se chocar contra o muro de
concreto que ladeia a curva Tamburello, um sinuoso trecho onde os carros
passavam em sexta marcha a 300 quilômetros por hora. Neste mês, antes da corrida
de Mônaco, está prevista a inauguração de uma estátua de bronze de 4,5 metros de
altura do piloto, no Boulevard Grimaldi. E novas manifestações devem ser
esperadas em cada uma das 14 provas de F-1 deste ano. As homenagens começaram em
março com o show Senna in Concert, que reuniu 15 mil pessoas no estádio do
Pacaembu, em São Paulo.
A imagem da Lotus 12 preta e dourada desfilando na pista onde se deu a tragédia
foi mais um momento de emoção forte, e comprovou, mais uma vez, que o culto a
Ayrton Senna não é um fenômeno reservado aos brasileiros: o piloto três vezes
campeão do mundo continua representando para muitos o ideal de persistência e de
sucesso. A morte precoce, aos 34 anos, só reforçou o mito e elevou o homem de
comportamento controvertido - dentro e fora das pistas - à condição de herói.
Como tal, seu nome - por exemplo - batiza 54 logradouros, incluindo quatro
rodovias, um túnel e 21 avenidas, de um bairro na periferia de Colatina, no
Espírito Santo, a uma rua em Cascais, em Portugal. Ayrton Senna também é o nome
de uma estrela, um presente dado à família do piloto em 2001 pela International
Star Registry.
Mas Senna mesmo não tinha ídolos no automobilismo - muito menos heróis. Admirava
o estilo de alguns pilotos, entre os quais o canadense Gilles Villeneuve, que
morreu ao se espatifar com uma Ferrari durante os treinos do GP da Bélgica de
1982, e tinha imenso respeito por Juan-Manuel Fangio, o pentacampeão de uma era
romântica da F-1. Respeitava igualmente Emerson Fittipaldi, que o apresentou
como world champion material (algo como 'potencial campeão mundial') aos donos
de escuderia durante os treinos do GP da Áustria, no circuito de Zeltweg, em
agosto de 1981. Fittipaldi viu longe: logo em seguida Senna tornou-se campeão
inglês na Fórmula Ford e iniciou uma carreira de 87 vitórias e sete campeonatos,
conquistados em 12 anos de automobilismo, descontando-se os tempos de kart. São
números impressionantes que comprovam a brilhante trajetória do esportista. Um
de seus recordes, o de 65 pole positions em mais de 160 provas disputadas na F-1,
só foi superado por dois pilotos até hoje: Michael Schumacher, com 68 e Lewis
Hamilton, que tinha chegado às 84 em abril de 2019.
O ceticismo dos chefes de equipe de F-1 só foi vencido dois anos depois, em
julho de 1983, quando Frank Williams permitiu que Senna testasse, no travado
circuito inglês de Donington Park, a Williams que havia dado o título a Keke
Rosberg. O brasileiro deu 20 voltas no circuito, o suficiente para baixar todos
os tempos. Frank Williams, no entanto, não fechou contrato, e Senna acabou
assinando com a Toleman, equipe pequena com a qual disputou 14 corridas e
terminou a temporada em nono lugar.
Até chegar ao automobilismo e à Fórmula 1, o brasileiro dedicou cinco anos às
competições profissionais de kart, nas quais só não conseguiu o título de
campeão mundial por duas vezes (1979, em Portugal, e 1980, na Bélgica). Em
Portugal, o título seria seu por direito, mas uma manobra dos comissários da
federação acabou favorecendo um concorrente holandês chamado Peter Koene. Seria
a primeira de várias frustrações na carreira de Senna.
Em 1981, ele se mudou para a Inglaterra para disputar o campeonato inglês de
Fórmula Ford pela equipe Van Diemen. O estilo agressivo, especialmente nas
disputas com os pilotos latinos, chamou a atenção da imprensa britânica, que
passou a tachar os protagonistas das arriscadas manobras de selvagens.
Revelava-se uma característica marcante de Senna: ele não admitia perder. Em
nada. E, para vencer, fosse nas partidas de pingue-pongue com os amigos ou na
disputa de um mundial de F-1, treinava até a exaustão. Sua extrema habilidade em
pilotar sob chuva foi desenvolvida depois da frustração por não ter conseguido
dominar o kart no aguaceiro em uma das primeiras corridas de que participou.
Assim, bastava o tempo fechar para que saísse de Santana, na zona norte de São
Paulo, para ir treinar na pista molhada de Interlagos, a mais de 30 quilômetros
de distância. A aplicação nesse aprendizado solitário lhe proporcionaria a
desenvoltura para vencer seu primeiro GP, o de Portugal, disputado sob um
verdadeiro dilúvio em 21 de abril de 1985.
Perfeccionista, Senna costumava estudar cada ponto do circuito em busca de
milésimos de segundo na época em que a telemetria, o registro de desempenho do
carro calculado por computador, ainda não passava de uma possibilidade. Munido
de canetas coloridas, ele estudava a atuação de cada piloto em cada metro de
asfalto. Era um computador ambulante, lembra Bernard Dudot, engenheiro da equipe
Renault. O mais incrível é que seus relatos batiam fielmente com os dados da
máquina.
Senna era também uma pessoa de temperamento forte. Quando ficava contrariado,
seu olho direito se retraía, seqüela de uma paralisia facial que o acometeu às
vésperas de estrear pela Lotus, em 1985. Não se intimidava em enfrentar qualquer
adversário, mesmo sendo franzino - uma condição que o incomodava e que logo
tratou de superar com exercícios supervisionados pelo fisioterapeuta Nuno Cobra.
Após a entrevista coletiva do GP da Hungria, em 1988, quando descia as escadas
do centro de imprensa acompanhado por repórteres brasileiros, ouviu uma
provocação do jornalista italiano Giorgio Piola, conhecido tanto pela arrogância
quanto pelo porte avantajado. O punho de Senna pegou de raspão o rosto de Piola,
por pouco não o levando a nocaute. E comprovou o que a família do piloto dizia
sobre ele: não era sujeito de levar desaforo para casa.
Foi assim no GP do Japão de 1989. Já campeão do mundo, título conquistado um ano
antes com a McLaren, Senna envolveu-se em um acidente com seu companheiro de
equipe e desafeto, Alain Prost. Julgou que a manobra do francês havia sido
premeditada para tirar dele a chance de um novo título. O esforço de Senna em
voltar para os boxes com o carro avariado e logo em seguida para a pista, para
cruzar a linha em primeiro lugar, de nada adiantou: ele já havia sido
desclassificado. Foi uma de suas maiores frustrações. No ano seguinte, daria o
troco ao tirar o rival da corrida logo na primeira volta, em uma manobra
considerada de alto risco: tocou sua McLaren a mais de 200 quilômetros por hora
na Ferrari de Prost na primeira curva daquele mesmo circuito de Suzuka. Ambos
saíram da pista, incrivelmente ilesos. Era o que bastava para que o bicampeonato
ficasse com o brasileiro. Não satisfeito, na coletiva de imprensa atacou
duramente os cartolas da Federação Internacional do Automóvel (FIA), na época
presidida por um francês, Jean-Marie Balestre.
Fora das pistas, Senna gostava de ficar na casa de praia, em Angra dos Reis, ou
na fazenda de Tatuí, interior de São Paulo. Mas raramente conseguia escapar do
assédio dos fãs e da imprensa - especialmente quando surgia com alguma nova
namorada. O piloto foi perseguido pelo estigma de homossexual, lançado por
Nélson Piquet com o aval de Alain Prost. Autor de Ayrton, o Herói Revelado, uma
minuciosa biografia do ídolo lançada às vésperas dos dez anos de sua morte, o
jornalista Ernesto Rodrigues relata vários casos amorosos e muitas aventuras de
Senna, desde o breve casamento com Lílian de Vasconcellos até o envolvimento com
Xuxa e Adriane Galisteu. A biografia não-autorizada deixa claro que Senna não só
era um grande conquistador como sofria muito com os romances não correspondidos.
Duas de suas maiores paixões teriam sido a paulistana Adriane Yamim, que
conhecia desde a infância, e a carioca Cristine Ferracciu.
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